sexta-feira, 18 de abril de 2014

Piada de Páscoa: o povo mais preguiçoso do mundo acusa brasileiro de ser vagabundo

Por: Nirlando Beirão


The Economist, a revista que se diz radical de centro mas que na verdade é porta-voz da direita financista, publica nesta edição ampla matéria acusando o brasileiro de ser preguiçoso.
“50 anos de letargia” é o título do texto (a imagem é de alguém deitado numa rede).

Diz que nossa economia só vai voltar a crescer quando o trabalhador brasileiro “sair da letargia”. Compara com o desempenho de chineses e indianos com base num índice de produtividade “estagnado desde os anos 60”.

Claro que o texto do Economist soa como música aos ouvidos daqueles adeptos do darwinismo social – que não são poucos, aliás – prontos para botar no povão a conta de todos os nossos males e nossos atrasos.

Uma cantilena que vem da escravatura: nossa elite operosa e culta sendo obrigada, coitadinha, a conviver com a indolencia, a malemolencia, a malandragem do populacho.

Essa ralé que só pensa em sexo, samba e futebol.
O que The Economist faz é reproduzir um tremendo estereótipo que, no entanto, encanta muitos dos próprios brasileiros e que tem obviamente como gancho oculto a Copa do Mundo. Sem paranoia: por causa da competição que se aproxima, está todo mundo de olho no Brasil e ninguém vai aliviar a nossa cara.

Vai ser um prato cheio para quem está louco, aqui ou lá fora, para requentar aquele nosso velho complexo de vira-lata. Se temos a sétima economia do mundo, e logo chegaremos a ser a sexta, deve ser por sortilégio divino – não pelo trabalho de nossa gente.

Chegaremos a sexta economia, logo, logo, eu disse – em cima sabe de quem? Do Reino Unido. Dor de cotovelo é mesmo péssima conselheira.

The Economist prima pela hipocrisia: nenhum povo no mundo trabalha menos do que os ingleses (recente paper da London School of Economics sugere uma carga horário seminal de 20 horas, para diminuir o desemprego). Eles são hoje 2,5 milhões de sem-trabalho. Adoram um feriado e um expediente camarada.
Foram os inventores da instituição do bridge – ou ponte, o feriadão prolongado.

Mais da metade da população se encosta em algum tipo de muleta oferecida pelo governo (previdencia social, seguro desemprego, etc). E nós é que somos vadios!
De mais a mais, o país do The Economist tem grande apreço por seus desocupados históricos: a realeza.

2 comentários:

  1. Oi Pri sumida, quanto tempo! Como sempre seus post cheio de conteúdo bom. Olha a maioria dos brasileiros é isso aí mesmo só pensam em samba, futebol e sexo!! Qdo isso vai mudar? Só Deus sabe.
    Beijos e apareça pra visitar os pobres rsrsrs

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  2. Considerando as realidades diferentes de todo a conjuntura histórica tanto do Brasil não só os ingleses como outros países pintam uma imagem do Brasil que não corresponde a realidade. Eu só me inclino em pensar que logo estarão certo quanto ao termo "vagabundo" - não vagabundo deliberado, mas vagabundismo produzido - efeito e subproduto de um estado paternal que usa de assistencialismo e as enxerga como progresso...o que me deixa com um pé atrás quanto ao seu sexto lugar em economia.

    Bom texto
    http://www.ezequiel-domingues.blogspot.com.br/

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